Coleção completa por Volume (anual)

Gazeta em forma de e-meio 71 (27/10/2008)

“Foi um sonho, minha gente!”

A praga rogada pelos juízes de Tiradentes, ao ordenarem esquartejá-lo, confiscar seus bens, destruir sua casa e salgar o terreno onde ela se erguia, para que “deste solo não mais brotasse qualquer ato de rebeldia contra a coroa”, parece ter dado certo.

Desde então, a nossa almejada liberdade (“ainda que tardia”) é sistematicamente adiada, e a rebeldia só registrou uma exceção histórica em Minas na figura de Teófilo Ottoni, o “senador do povo”, no ano de 1842. A nossa participação na Revolução de 1930 não pode ser registrada como ato de rebeldia: ela não passou de um descontentamento oportunista pela vaidade ferida dos oligarcas provincianos.

Porém, o resultado das urnas no primeiro turno das eleições em BH levou este gazeteiro a sonhar que estávamos a pique de superar a bruxaria dos colonizadores. Íamos, enfim, da capital do estado e pela voz do povo nas urnas do segundo turno, dizer um NÃO maiúsculo, rotundo e rebelde às imposições dos poderosos. E iniciar uma nova era de revitalização da política regional, restauradora da importância do estado nas decisões revolucionárias do povo brasileiro. Em tal condição, independentemente de quem fosse o novo prefeito eleito - ainda que de pior espécie do que o “escolhido” pelo atual poder, se isto fosse possível -, ele não teria outra opção a não ser a de se manter a reboque das massas; do contrário, seria fatalmente expurgado no próximo pleito.

Mas Etelvina me chamou: - acorda, Mario, tá na hora do batente!

“Venceu o Sistema da Babilônia. E o garção de costeletas.”

A paralisis continua. Mais da mesmice e da mediocridade petucana nos assolará na próxima quadra. Há quem diga que Minas é o coração do Brasil. Se isto é verdade, é melhor chamar um cardiologista, com urgência. O país sofre do coração.


O nome da Besta (se nós formos os bestas)

Lá para trás, a Gazeta divulgou o filme Zeitgeist, disponível na Internet, gratuitamente e com legenda em português, no endereço http://video.google.com/videoplay?docid=-1437724226641382024. Foi nele que vimos a primeira referência à nova moeda que os gringos estariam planejando para substituir o falecido dólar: o amero.

Pois bem! Hoje, no site RedVoltaire, o radialista norte-americano Hal Turner publica um vídeo no qual exibe uma moeda de 20 ameros cunhada em Denver, EUA, em 2007. Debaixo de forte perseguição e censura nos EUA, o radialista afirma que o colapso do dólar estaria previsto para fevereiro de 2009, quando será desmonetarizado e substituído pela nova moeda, sem maiores satisfações ao resto do mundo. Ou seja, um calote mundial. Quem tem dólares ou moedas cotadas em dólares vai ficar a ver navios. O radialista afirma também que a China descobriu o segredo e passou a exigir lastro em ameros no pagamento das suas exportações para os EUA, eis porque os EUA já enviaram àquele país cerca de 800 bilhões de ameros. Veja em http://www.voltairenet.org/article158388.html.

Tais informações coincidem com o último boletim GEAB (Global Europe Anticipation Bulletin) nº 28, de 17/10/2008, publicado pelo site LEAP/E2020, que alerta para o fato de o governo dos EUA ficar insolvente “até o verão de 2009”, e, portanto, “não poderá reembolsar seus credores”. E mais: “o período que então se abrirá tornar-se-á propício ao lançamento de um ‘novo dólar’ destinado a remediar brutalmente o problema da cessação de pagamentos e da fuga maciça de capitais para fora dos Estados Unidos.” Ver o alerta em português em http://resistir.info/crise/geab_28.html.

A Gazeta tem acompanhado esses boletins GEAB e pode confirmar a precisão de seus prognósticos. O de nº 22, publicado em fevereiro deste ano, por exemplo, previa para setembro/outubro a bancarrota das bolsas de valores em todas as partes do mundo, tal como está acontecendo.

Na modesta análise desta Gazeta, o que se pode apreender pelas pistas conhecidas é que nem tudo está dando certo para o Império e os planos diabólicos que traçaram para o estelionato em escala global. Se visto com a antecipação em que tais megaprojetos são concebidos nos laboratórios pentagonais, já o nosso Plano Collor, de 1990, poderia ter sido um balão de ensaio do atual “projeto amero”. Um calote de dimensões nacionais num país como o Brasil deve ter servido como excelente tubo de ensaio para avaliar o comportamento da população perante tais descalabros. Em 1990, o sucesso foi total e absoluto. Mas desta feita ocorrerá o mesmo, inclusive dentro dos próprios EUA?

Pelo histórico da política externa norte-americana nas últimas décadas, é possível que tenham almejado um calote no resto do mundo sem, contudo, atingir o público interno, nos EUA e Europa. Isto, com certeza, levava em conta o sucesso do projeto de mudança do mapa político no Oriente Médio, o pleno domínio das reservas de petróleo daquela região e a neutralização da Rússia e da China como potências energéticas e econômicas das quais seriam dependentes os EUA e os países ricos europeus. Como isto não se deu, muito pelo contrário, tudo resultou num fracasso total, eles já devem estar revisando seus planos B, C, D ou E a estas alturas.

Muitas outras premissas daqueles planos diabólicos precisavam acontecer para o seu correto funcionamento, de forma que as coisas dessem certo. Outra delas, importante, é que a data de lançamento do amero ocorresse no ano de 2007 (por isso deve ter sido cunhado neste ano), em pleno auge da especulação bursátil em alta, inclusive os preços do petróleo. Assim, o amero seria trocado com os bancos e as multinacionais em fase de altos lucros e, internamente, de modo a eliminar completamente a “bolha”, evitar a bancarrota imobiliária e os arrestos de propriedades que atualmente infernizam qualquer cidadão dos EUA, até o mais obeso, física e mentalmente, e o mais alienado de todos. Com satisfação interna tudo ficaria mais fácil para os mentores da idéia, mas, com o público interno insatisfeito, a caldo engrossou. As derrotas no Iraque e Afeganistão fragilizaram o poder militar dos EUA e os impediram de realizar a mudança quando desejassem. Agora ela terá de ser feita de qualquer jeito, pois não há outra saída. Eis porque as tropas no Iraque estão retornando: para conter a revolta interna que a mudança, com certeza, vai provocar, uma vez que o calote se dará também contra a própria população dos EUA. O GEAB prevê a falência dos fundos de pensão, das poupanças e dos depósitos bancários, e, mesmo as economias em euros ou dólares mantidas em cofres particulares, perderão completamente seus valores.

Contavam também, evidentemente, com a cordura e a subserviência dos países latino-americanos, historicamente sempre prontos a se fazerem de otários primeiro. Por isso as figuras de Hugo Chávez (que deveria ter sido derrubado em 2002), Evo Morales, Rafael Correa, Daniel Ortega, Fernando Lugo, e, como de sempre, ad aeternum, Fidel Castro, são designadas por eles como integrantes do “eixo do mal” e divulgadas pela mídia hegemônica como “ameaças (terroristas) aos Estados Unidos e à Europa”.

Muitos são os aspectos e os ângulos de análise dessa complexa realidade pré-fabricada para nos fazer de otários, e é preciso que não durmamos no ponto para que não nos tornemos mais uma vez as primeiras vítimas desses Doutores Sartanas que se acham donos do mundo e de todos nós.

Fidel Castro, em sua última reflexão, publicada hoje, assinala que a "pior forma de ignorância em nossa época é o analfabetismo econômico".

O primeiro passo para se livrar dele é ficar atento às informações de maior credibilidade e ter consciência definitiva de que tudo – tudo mesmo! – o que se publica na mídia hegemônica não passa de mentiras destinadas a nos distrair e a nos enganar.


Bush explica a crise econômica mundial

Não perca (vídeo de 1 minuto): http://www3.rebelion.org/noticia.php?id=74946.


Abraços

Mario Drumond


Revisão: Frederico de Oliveira (para quem curte textos bons e bem escritos, recomendo o blog de Frederico O Apito no endereço http://www.thetweet.blogspot.com.

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