Coleção completa por Volume (anual)

Gazeta em forma de e-meio 36 (5/5/2008)

Fim do mundo x novo mundo

1. Fim do mundo

Lula da Silva, se não modifica sua conduta, poderá terminar seus dias sendo comparado com os mais destrutivos líderes da história universal. Não o dizemos nós; dizem-no os números que começam a circular nas principais entidades mundiais que se preocupam com o tema ambiental e da fome no planeta. (Braulio Jatar Alonso em “Será o etanol o Iraque de Lula?”, aporrea.org, 5/5/2008)

As fotos ao lado foram tomadas recentemente em diferentes pontos do Estado do Mato Grosso. A de cima é uma plantation de soja transgênica para a produção de biodiesel. A de baixo, será de cana-de-açúcar para a produção de álcool. Ambas eram florestas amazônicas há menos de um ano, das quais, até onde as fotos aéreas alcançam, só restaram retalhos mínimos (talvez, para atender a alguma “norma” do tipo “não destrua tudo”). Nem o leitor nem este gazeteiro temos condições de imaginar, em valores quantitativos e qualitativos, o alcance do massacre de fauna e flora que foram (e estão sendo) ali exterminados, se considerarmos apenas os enquadramentos das duas fotos. Não há informações confiáveis em lugar algum na Internet, só o que é certo é que transnacionais estão investindo cerca de US$ 12 bilhões na construção de 50 mega-usinas, cercadas de plantations semelhantes ou até maiores que estas. Ainda ssim, algumas publicações sérias (EcoPortal.net, p. ex.) estimam que só no último semestre de 2007, o Brasil detonou algo em torno de 300 mil hectares (1 hectare = 1 campo de futebol) de florestas para o cultivo de soja e cana-de-açúcar.

E o massacre não se restringe à Amazônia e ao Pantanal. O Triângulo Mineiro, tradicional produtor de gado bovino, transformou-se num só canavial. Em alguns pontos do antes saudável e refrescante clima do interior do estado de São Paulo registraram-se “faltas de ar” que puseram em emergência os hospitais locais para atender a população sufocada: a queima dos canaviais em colheita foi de tal ordem que chegou a baixar a pressão atmosférica nas redondezas por causa do calor e das térmicas criadas, ao ponto de as pessoas não conseguirem inalar o ar de que seus pulmões necessitavam. Um sufoco!

É a colocação em prática acelerada do Plano Bush, inaugurado em março do ano passado, quando seu patrono veio ao Brasil para ordenar a Lula a sua execução, e assinaram o memorando de “cooperação” para a produção de “biocombustíveis”. Fidel Castro informou na ocasião, que, antes de vir, Bush reuniu-se com preocupados fabricantes de automóveis de Detroit para explicar-lhes o Plano. Os industriais de Detroit, ao que parece, ficaram satisfeitos com a explicação e mantiveram suas metas de aumento da produção.

A nós, brasileiros, não foi explicado nada. Para complicar, a palavra “álcool” foi substituída, estrategicamente, por “etanol”. O óleo diesel, passou a ser biodiesel, ou biocombustível, ou agro-combustível. Mas a todos eles, que são produzidos em conformidade com o Plano Bush, podemos chamar de necro-combustíveis.

Vi na televisão venezuelana um dirigente de empresas socialistas de gado dizendo que eles estão se aproveitando dessa “loucura brasileira” para adquirir no Brasil rebanhos inteiros de gado leiteiro e de corte a “preços de carga”, isto é, só precisam tirar o gado da região para liberá-la para as plantations, e se tornam donos dele. Navios cargueiros e até petroleiros fazem filas nos portos venezuelanos para entregar os rebanhos que trazem daqui.

O Plano renderá: a curto prazo, lucros trilionários para as transnacionais com a produção de necro-combustíveis; a médio prazo, mais lucros para as transnacionais com a venda das terras exauridas aos brasileiros; e, a longo prazo, desertos de proporções amazônicas para os brasileiros, nossos netos (mas isto não tiraria o sono de um Bush; por este e outros de seus planos nossos netos nem existirão; seus pais deverão estar mortos antes que nasçam, se não de fome, de balas de urânio empobrecido).

Abraços

Mario Drumond

Fotos: de cima, resistir.info; de baixo, necrocombustibles.com (ambas sem créditos de fotógrafos)

Revisão: Frederico de Oliveira (para quem curte textos bons e bem escritos, recomendo o blog de Frederico – O Apito - no endereço http://www.thetweet.blogspot.com/)

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