O samba não morreu, mostrou a sua força no primeiro turno aqui em BH, avisa que volta com tudo, e pede passagem a seu soberano – o povo.
O renascimento do samba em Minas Gerais (introdução)
O governador Aécio Cunha (PSDB) e o prefeito Pimentel (PT) fizeram um acordo de manda-chuvas e escolheram o próximo prefeito a ser eleito em BH. Este seria o degrau da escada sobre o qual Pimentel subiria ao governo do estado e, por sua vez, junto com o novo prefeito, se fariam degraus para que Aécio subisse à presidência da República. Tudo era perfeição nos planos que traçaram.
Ambos ostentavam pelo menos 80% de “aprovação” dos eleitores em todas as “pesquisas” que pagavam generosamente a seus amigos marqueteiros. Tinham nas mãos a imprensa toda, inclusive a nacional; a hegemônica mediante portentosas campanhas de propaganda oficial com verbas astronômicas; as alternativas e independentes sob o garrote da censura. Tinham os dois legislativos e o judiciário, de joelhos, a seus pés.
A vitória viria fácil, fácil, já no primeiro turno, garantiam todas as “pesquisas”, todos os marqueteiros, toda a mídia hegemônica pré-paga. Eram os reis da cocada preta, podiam fazer o que quisessem, até pisotear o povo.
E foram adiantando os planos, tinham pressa. Desde logo, urgia encher as “caixinhas” das respectivas e futuras campanhas. Um megaempreendimento imobiliário em região nobre da capital, muito cobiçado pelas maiores empresas do ramo, inclusive do Rio e de SP, não seria mau para começar. Lá estava a bela área urbana, hachurada nos mapas pelos técnicos, prontinha para os “negócios”, com apenas um pequeno empecilho: bem no meio dela fica o barracão da Escola de Samba mais tradicional da cidade.
Mas, o quê? Ainda existem escolas de samba em BH? Isso é coisa só do Rio de Janeiro, pra Marquês de Sapucaí, pra turista rico e pras TVs! Alguém ainda ousa tocar ou dançar samba por aqui? Depois de tudo o que os dois fizeram para acabar com as velharias, essas coisas de preto, de pobre, anti globalizantes, nacionalistas, há quem ainda insista nelas, prejudicando a modernização e o progresso da cidade? De jeito nenhum!
Os amigos do judiciário foram acionados para uma providência rápida e, em 15 dias, a polícia e os oficiais de justiça fizeram o despejo da tradicional Escola de Samba. Os dois legislativos e a mídia hegemônica omitiram-se, obedientes.
Este gazeteiro já viu coisas em inúmeras eleições que acompanhou neste país, mas nunca teve notícias de um despejo de uma entidade reconhecidamente popular como uma escola de samba, por iniciativa de órgãos públicos, em plena campanha eleitoral. “Há erros políticos que enterram o cidadão e não dão direito a ressureição”, dizia uma velha raposa política de tempos idos.
Pois, bem feito! Os internautas cumpriram seus papéis, ainda que sob censura; alguns candidatos, com compromissos reais com o povo, fizeram imagens do despejo e as publicaram em seus programas no horário gratuito; a escola - com seus ritmistas, sambistas, artistas, colaboradores, aficionados e fãs -, foi para as ruas e manifestou o seu protesto. O povo ficou sabendo e sentiu o peso de mais aquele pisoteio sobre o que lhe é caro e verdadeiro. Então: surpresa! O candidato ungido com os óleos oficiais não ganhou no primeiro turno. E vai perder no segundo.
Agora, todos se mexem. Políticos e advogados manifestam-se pela ilegalidade do processo de despejo e o Ministério Público o está investigando. A Prefeitura de BH já está concordando em devolver o barracão à Escola. A Assembléia Legislativa, por requerimento do dep. Carlin Moura (PC do B), vai abrir audiência pública sobre a questão no dia 12 de novembro, e convidará o prefeito atual, o prefeito eleito, autoridades, membros da direção da escola e artistas do samba para a mesa de debates. E o povo estará lá, de olho neles!
Por sua vez, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Cidade Jardim não parou de alavancar seus projetos sociais e culturais, os interrompidos pelo despejo e os novos que estavam em projeto. E promete, não para o próximo ano, pois não há tempo, mas para 2010, a volta do seu carnaval nas avenidas centrais de BH e o renascimento do samba em Minas Gerais.
Boa Notícia
O Novo Jornal voltou, em novo endereço na web: http://www.novojornal.net
Para os que escreveram para a Gazeta cobrando a posição de Sérgio Miranda, ela está bem clara lá, com chamada de capa. Confiram. É preciso não confundir o PDT de BH (diretório municipal, presidido por Sérgio Miranda) com o PDT de Minas (diretório estadual, presidido por Manuel Costa). Este último apoiou o candidato oficial no segundo turno, mas, nada de novo; é um velho vício.
Seu “presidente de honra” e real manda-chuva, José Maria Rabelo, não resiste a um bico de tucano, bem amarelinho. Vai lá e pousa nele, na mesma hora. Isto, desde os tempos do Pimenta da Veiga (alguém se lembra dele)?
Novo e exótico espécimen
Segundo informou à Gazeta o ativo militante das causas sociais José Guilherme de Castro, foi descoberto nos ares de Minas, além dos aviões de carreira, dos tucanos e dos petucanos, um novo espécimen da zoologia política mineira: o perlicano.
Não é do PT, nem do PSDB, mas, ora está com um, ora com o outro. Ou com ambos, mas sempre que estejam no poder, ou em vias de estarem lá.
As pesquisas, as pesquisas...
As do Rio e de São Paulo saíram logo depois dos resultados do primeiro turno, pelo Datafolha. As de BH, não! O governador não deixou. Por que será? É a força do dinheiro público para a desinformação do cidadão
Anteontem (14/10) saiu, enfim, a primeira de BH, a do jornal local O Tempo:
Quintão (PMDB), 64%; o candidato oficial (PSDB, PT e perlicanos), 34%.
Mas ficou só no O Tempo. Nenhum outro jornal, local, regional ou nacional, publicou e sequer comentou. Por que será? É a força do dinheiro público para a desinformação do cidadão.
Ontem, não teve mais jeito, e nem dinheiro público suficiente para impedir. Saiu a do Ibope. Todos os jornais publicaram (sem comentários, ou com comentários ocos):
Quintão (PMDB), 61%; o outro, 33%, coitado.
Nem os votos que teve no primeiro turno ele terá no segundo.
Bem feito! A verdade é que este número, 33%, reflete a real “popularidade” de Aécio, de Pimentel, dos similares nos outros estados e até de Lula (vide Marta em SP). Os tais badaladíssimos 80% atribuídos a todos eles, ficou agora demonstrado, só existem no papel, para agradar o freguês e aumentar a fatura que ele sempre paga (rindo, feliz e muito satisfeito com a “qualidade da pesquisa”), claro, com o dinheiro do povo.
Abraços
Mario Drumond
Revisão: Frederico de Oliveira (para quem curte textos bons e bem escritos, recomendo o blog de Frederico – O Apito - no endereço http://www.thetweet.blogspot.com).
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