Coleção completa por Volume (anual)

Gazeta em forma de e-meio 60 (28/8/2008)

Propaganda é palavra de mau sentido. Significa enganar, apresentar fatos sob um prisma sedutor, e portanto, falso.” (Monteiro Lobato, em 1935, ao recusar convite para ser ministro da Propaganda)


Depois de Leonel Brizola

É o novo título de Gilberto Felisberto Vasconcellos, em lançamento recém saído do forno da Caros Amigos Editora (R$ 12,). Você abre o livro para dar uma lida no primeiro parágrafo e não larga mais. Sem as nuvens de fumaça com que a maioria dos ensaístas acadêmicos costumam cobrir os fatos pouco convenientes (a eles) da História, é um retrato com rara nitidez dos equívocos ideológicos perpetrados pela inteligentzia brasileira, a que vive detrás de mesinhas em universidades e pensa a realidade como meio de ganhar pontos nas grades burocráticas dos próprios salários e outras benesses que só se concedem a conformistas e bem comportados. É ler o “maldito” Gilberto e ver, “com olhos livres”, porque nada dá certo para nós, só para eles.


Barretão rides again

Recebo matéria de Beto Almeida com os protestos de Luis Carlos Barreto contra a situação atual a que foi relegado o cinema nacional – um cinema sem platéia. Logo quem!? Se há alguém que possa ser responsabilizado pelas cagadas monumentais das últimas cinco décadas, é ele. Desde a década de 1960, nunca perdeu o pé do poleiro do poder. Já naqueles anos ele estava lá, fazendo o Cinema Novo que Rogério Sganzerla denunciou como o primeiro a afastar o povão das nossas telas, e do qual só Glauber se salvou. Por isso, que não se culpe só a ditadura. Barretão esteve em todas, de lá até cá, por cima da carne seca, mamando grosso à “esquerda” e à “direita” - e permanece! Fez de tudo, só não fez cinema (que mereça ser visto e guardado na memória). Nem ele, nem a cambada que leva pendurada no seu cacho. Milhões, milhões e milhões eles embolsaram do erário para só favorecer a mediocridade forânea. Queriam o quê? Que engolíssemos a mediocridade deles, pseudo nacional e xerox da importada? Mas foram muito bem sucedidos, inclusive em marginalizar toda uma geração promissora de cineastas e impedi-la de fazer os filmes que o povo brasileiro gostaria de ter visto nas telas. Quem se deu mal foram o talento brasileiro e as platéias que historicamente manteve, ou seja, o verdadeiro cinema nacional. A questão de platéia em cinema começa pelo talento dos cineastas, o resto vem depois. E talento é o que não se encontra na produção cinematográfica do poder, nas últimas quatro décadas, nem catando a lupa!


Uma boa notícia

O poema de Rodrigo Leste, A INFERNIZAÇÃO DO PARAÍSO (Mina de Morro Velho: As Vísceras Douradas da Maldição), divulgado em primeira mão pela Gazeta, emplacou menção honrosa no Concurso Nacional de Literatura – Prêmio Cidade de Belo Horizonte 2008. Isto facilita a batalha da grana para a almejada edição, a qual já está em curso, segundo Rodrigo, com o projeto que foi encaminhado à Fundação Municipal de Cultura, para lançar o livro em 2009. Agora é fazer lobby firme para impedir o boicote do trabalho alienado das burocracias públicas, que, não raro, abençoam um projeto num órgão e o ferram no outro.


Parcialidade da Gazeta

Aqui na Gazeta não tem esse papo de imparcialidade jornalística, não. A batalha é a de pôr um fim no pesadelo neoliberal e na noite interminável da idade mídia, que nos assolam. Por isso, este gazeteiro declara abertamente o seu voto, em BH:

Prefeito: Sérgio Miranda (12)
Vereador: Yé Borges (12321)

Também é contra essa história de que “não vou votar porque não acredito em nenhum candidato” ou “porque não acredito em política”. Votar é próprio ao altruísmo e impróprio ao egoísmo. O voto não deve ser pelo interesse pessoal e sim pelo da maioria do povo. Não é o caso deste gazeteiro, e estou certo de que nem dos leitores da Gazeta, mas a maioria dos cidadãos de qualquer cidade brasileira está comendo uma merda danada. Para nós, que estamos mais para o meio do lago, qualquer um que ganhar a eleição pouco ou nada mudará; não faltará pão, nem teto, nem agasalho. Mas, para os que estão à míngua e à seca, à margem de tudo, o voto que não for dado ao candidato de oposição a este processo vil poderá significar grave e injusta punição, e até uma desgraça maior. Já o voto que é negado não é voto em branco, nulo ou abstencão; é voto nas oligarquias e nos poderes iníquos que representam e as representam, isto é, nos principais responsáveis, em todos os níveis, pela situação e pela miséria que nos cerca.


Abraços

Mario Drumond


Revisão: Frederico de Oliveira (para quem curte textos bons e bem escritos, recomendo o blog de Frederico – O Apito - no endereço http://www.thetweet.blogspot.com).

Copyleft e copyright totalmente liberados. “Direito de ser traduzido, reproduzido e deformado em todas as línguas.”

Arquivamento