Coleção completa por Volume (anual)

Gazeta em forma de e-meio 41 (29/5/2008)

Marulanda

Vida é luta. Vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal.
(in Brás Cubas; Machado de Assis.)

A Gazeta não se conforma com o silêncio dos líderes revolucionários latinoamericanos diante da notícia oficial das FARC sobre a morte de Manuel Marulanda, publicada na TeleSur, domingo último. Fidel Castro, Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales, todos acossados pelo Império e de certa forma intimidados pela advertência de Sarkosy (o Collor francês), ainda não se pronunciaram. Só Daniel Ortega, durante o Fórum de São Paulo, que se realizava no Uruguai quando saiu a notícia, fez uma moção de elogio ao chefe das FARC e declarou seu pesar pela morte do “companheiro Marulanda”.

Assim também, a Gazeta protesta pelo mutismo quase geral de líderes políticos, intelectuais, jornalistas, artistas e militantes de movimentos libertários de toda a América Latina. Além de um bom artigo de Pascoal Serrano no jornal espanhol Público, publicado no dia seguinte ao comunicado das FARC, coube a James Petras, grande internacionalista norte-americano, apresentar logo em seguida um excelente (e único importante até o momento) necrológio de Manuel Marulanda, que deve ser lido linha por linha, por agora em espanhol (o site Resistir.info deverá traduzi-lo para o português e publicá-lo depois do recesso em que permanece o site, e que termina ao final deste mês), em:
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=67973&titular=homenaje-a-manuel-marulanda-

É possível que no dia em que Bogotá inaugurar uma bela estátua de Manuel Marulanda - numa de suas principais praças em futuro dia 26 de março, data em que faleceu Marulanda, e que este dia seja considerado data nacional na Colômbia - se torne o dia em que a América Latina possa se considerar de fato livre dos grilhões do Império, sob os quais é escravizada há cinco séculos.

Manuel Marulanda Vélez - codinome adotado pelo então jovem camponês colombiano autodidata Pedro Antonio Marin, em homenagem a um líder sindical rural morto em batalha, e que se tornou legenda entre os seus sob o famoso apelido de Tirofijo (tiro certo) -, lutou 60 dos 78 anos que viveu, sem nunca ter saído das selvas da Colômbia, contra as mais poderosas forças de opressão com que o imperialismo terá arremetido sobre nossas nações e em desafio glorioso às mais vis e brutais oligarquias que serviram à exploração de seus próprios povos neste quintal d’América. Seu nome enriquecerá o panteão maior dos grandes libertadores e sua glória haverá de orgulhar as gerações que gozarem o privilégio de uma América Latina livre e soberana.

Disto não podemos duvidar; a história é a favor da vida; e o organismo universal, para ser sadio, deve ser alimentado por lutas, vidas, glórias e exemplos como os de Manuel Marulanda Vélez.


THE END

“Não devemos nos deixar levar pelas problemáticas que nos impõem a mídia hegemônica. Não muda grande coisa saber se os EUA manterão, com McCain como presidente, 100 mil soldados e 200 mil mercenários no Iraque ou se, com Obama, diminuiria a quantidade de soldados e aumentaria a de mercenários. O importante é saber se os EUA todavia contam com os meios que exigem suas ambições e se podem de fato governar o mundo – como ainda pretendem os neocons – ou se estão minados por dentro e têm de renunciar ao sonho imperial para evitar a falência – como já explicou a Comissão Baker-Hamilton. O certo é que a vertiginosa queda do dólar marcou o fim do império. Há 10 anos, com 8 dólares se comprava um barril de petróleo. Agora são necessários 135 dólares, e dentro de dois meses provavelmente serão 200. Ademais, a debandada das milícias do clã Hariri, que fugiram deixando o campo de batalha ao Hezbollah – em poucas horas e jogando fora as suas armas -, demonstra que já não é possível recorrer a subcontratistas para garantir os serviços de polícia do Império.

“Nessas condições, McCain já não oferece nenhum interesse para as oligarquias estadunidenses. Obama e Brzezinski são os únicos portadores de um projeto alternativo: salvar o Império privilegiando a ação secreta (pouco custosa) em relação à guerra (muito cara). Eu me encontrei com Zbignew Brzezinski, há três semanas, e o ouvi dizer um discurso já perfeitamente aprovado (pelas oligarquias) sobre a renovação dos EUA. Ele condenou todos os excessos visíveis da política bushiana, desde Guantânamo até o Iraque, e habilmente recordou seus próprios êxitos contra a União Soviética.

“Não creio, contudo, que o próximo presidente dos EUA tenha a oportunidade de aplicar uma nova ‘grande estratégia’. Já é demasiado tarde. Barak Obama terá que enfrentar a inadimplência de vários Estados dos EUA, que não poderão continuar pagando os salários de seus próprios funcionários nem garantir os serviços públicos. Estará por demais ocupado com o caos interno para poder realizar os planos de Brzezinski.” (trecho final da entrevista de Thierry Meyssan, editor do site RedVoltaire, a Sandro Cruz, do Instituto Peruano de Prensa - IPI, publicada em ambos os órgãos de imprensa em 26/5/2008 - em tradução livre deste gazeteiro; vale a pena ler a entrevista toda que está disponível, em espanhol, no seguinte endereço: http://www.voltairenet.org/article157134.html)


“Raposas da Serra”

É o título do artigo de Beto Vianna publicado no jornal O Tempo, segundo o autor “totalmente inspirado” nas polêmicas desta modesta Gazeta. É outro que compensa ser lido em:
http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=938&IdCanal=2&IdSubCanal=7&IdNoticia=80421&IdTipoNoticia=1

Sobre aquela polêmica, a Gazeta envia (em anexo) um curioso documento que recebeu por e-meio, o qual poderá interessar a leitores que sabem das coisas, em ambos os lados da contenda, e agradecerá pelos comentários que porventura receber.


Lista collorida

A relação de nomes publicada na última Gazeta sobre a “maldição Collor” recebeu duas importantes contribuições de leitores:

Tereza Collor de Mello, ex-esposa de Pedro Collor, irmão do presidente, e que, na época, foi considerada “a musa do barato”. Nem o leitor (Amilcar), nem a Gazeta, têm a menor notícia do seu paradeiro; e

Ibsen Pinheiro, assim descrito pela leitora Ofélia Torres: “de líder na cassação do mandato de Collor passou a acusado injustamente por manipulação do Fernando Henrique, que só aderiu à cassação-renúncia no último momento e temia a popularidade do Ibsen como candidato à Presidência da República.


Abraços

Mario Drumond


Revisão: Frederico de Oliveira (para quem curte textos bons e bem escritos, recomendo o blog de Frederico – O Apito - no endereço http://www.thetweet.blogspot.com/)

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