A maldição collorida
Esta Gazeta é do tipo “(tal fato), nunca mais”. O site Novo Jornal (www.novojornal.com.br) publicou uma ilustrativa matéria sobre a suposta maldição que recaiu nos destinos de vários dos atores e figuras políticas que participaram ativamente no processo de impeachment forjado contra o então presidente da República, Fernando Collor de Mello, em 1992.
A Gazeta fez uma síntese esquemática do conteúdo daquela matéria, em forma de tabela, e acrescentou alguns nomes que ficaram na memória de seu redator e que, mesmo não tendo eles participado diretamente do processo em si, não deixaram de fazer parte e até participar, passiva ou indiretamente, dos fatos que enredaram a nação inteira naquele equívoco político monumental de cujas consequências somos ainda, a população brasileira toda, prejudicados e humilhados.
Se o leitor se lembrar de outros nomes, por favor, acrescente-os e passe adiante. É sempre bom, vez ou outra, refrescarmos a memória sobre como a história trata os patifes menores e maiores que se permitem atuar, por egoísmo e oportunismo, como peões de falcatruas articuladas para o serviço dos interesses inconfessáveis de poderes apátridas travestidos de “modernidade” e “popularidade”.
Segue a tabela:
Nome/Relacionamento com a "Era Collor"/Destino
Pedro Collor
Irmão do Presidente. Primeiro a dedurar o esquema PC Farias.
Morreu de câncer no cérebro, doença que descobriu quando ainda se desenrolava o processo de impeachment.
Paulo Cesar Farias (vulgo PC Farias)
Manda-chuva do caixa dois do governo (na época, considerado uma verdadeira cornucópia, mas que se revelou muito mixuruca perto dos sucessores: reeleição de FHC e mensalão do Lula).
Assassinado a tiros, junto com a amante, numa casa de verão em Alagoas.
Francisco Eriberto França
Chofer da Presidência da República. Entregou à imprensa os locais onde ia pegar a grana do caixa dois e foi testemunha importante no processo de impeachment.
Ficou famoso. No início, badalado como herói nacional, tentou a carreira política e fracassou. Pulou de emprego em emprego e chegou ao fundo do poço, com um salarico de 300 reais.
O PT, agradecido, arrumou-lhe um cabide de assistente de produção na Radiobrás, onde ganha hoje 1,8 mil. Está arrependido.
Ulisses Guimarães
Figura de proa do cenário político da época, apoiou o impeachment e detonou a imagem do presidente, quando este o chamou de "velho senil": "Sou velho mas não sou velhaco" - respondeu Ulisses, com grande destaque de mídia.
Morto, em 1992, num suspeito acidente de helicóptero (até hoje não esclarecido), não chegou a desfrutar o impeachment de seu desafeto. Seu corpo nunca foi encontrado.
Benito Gama
Presidente da "CPI do PC Farias", que levou ao impeachment de Collor.
Vive no ostracismo político na Bahia, seu estado natal, onde nunca mais se elegeu. Não ganha eleição mais, nem para síndico de condomínio.
Amir Lando
Relator da mesma CPI.
Idem, idem, idem, no estado de Rondônia.
José Dirceu
Ex-estrela petista na Câmara Federal, foi dos mais implacáveis acusadores de Collor.
Caído em desgraça no primeiro mandato de Lula, foi cassado no escândalo do mensalão. Atualmente vive de lobbismo para multinacionais transgênicas.
José Genoíno
Idem
Caído em desgraça pelo mesmo motivo, não foi cassado porque não tinha mandato, era o "capo maior" do PT. Foi eleito deputado em 2006, e vive hoje na insignificância política do chamado "baixo clero".
Renan Calheiros
Líder do Governo na Câmara, na Era Collor. Pulou fora do barco quando estourou o escândalo e ainda dedurou o Presidente.
Se deu bem com FHC (Ministro da Justiça) e com Lula (Presidente do Senado). A arapuca maldita demorou mas pegou-lhe pelo pé há pouco tempo num escândalo extra-conjugal que se transformou em escândalo político de corrupção. Teve de renunciar ao mandato para não ser cassado e está destinado ao ostracismo político em seu estado natal, Alagoas.
Lindemberg Farias
Como presidente da UNE, foi o símbolo principal da geração cara-pintada, que saiu de preto às ruas para exigir o impeachment de Collor.
Filiado ao PT, elegeu-se prefeito de Nova Iguaçu. Agora é investigado por suspeita de corrupção na prefeitura. Não há futuro político para ele.
Zélia Cardoso de Mello
Ministra da Economia de Collor. A maior batedora de carteira do mundo. Confiscou a grana que todos os brasileiros que não eram amigos dela tinham no banco, num só dia.
Foi defenestrada, acusada e condenada. Recentemente foi absolvida no conchavo geral do coleguismo do tipo telhado-de-vidro. Vive em Nova York com os dois filhos que teve com Chico Anysio.
Chico Anysio
Humorista. Era um dos maiores "astros" da TV da época e casou-se com a ministra Zélia, em pleno auge collorido.
Pegou a maldição por tabela. Na Globo, onde era "Rei", caiu junto com o "Reisão de Todos", o tal do Boni, logo depois do impeachment. Depois sofreu um acidente que lhe quebrou a mandíbula e o deixou fora de cena. Não está em Nova York mas, anda sumido.
Fernando Sabino
Escritor muito badalado na época, escreveu e lançou, no auge da "Era Collor", o livro "Zélia, uma paixão", uma "ode" muito bem remunerada, claro, à Ministra da Economia de Collor.
Também foi por tabela. O livro foi um vexame literário - um exemplo contundente de mediocridade e venalidade autoral -, e depois dele o prestígio do escritor foi caindo, caindo, até desaparecer quase por completo. Morreu em 2004, de câncer no fígado. Apesar de ter publicado um livro por ano durante décadas a fio, ficou conhecido como autor de um livro só (O Encontro Marcado) que (as línguas afiadas) ainda dizem que não é dele.
Rosane Collor
Esposinha do Presidente Collor na época do impeachment. Muito bonitinha e (loura) muito burra.
Separou-se do marido, andou por aí, e hoje é crente da Igreja Evangélica El-Shaddai, igreja, aliás, que deve ser muito conhecida lá na casa dela.
Maria Cecília da Silva (vulgo Mãe Cecília)
Ex-mãe-de-santo que fazia os despachos na "Casa da Dinda", onde morava Collor quando presidente, e que tem sido apontada como a responsável por toda essa desgraça aqui enfileirada. Sacrificou muita galinha e outros animais nos jardins da "Casa da Dinda", em memoráveis sessões de magia negra, na presença do próprio Presidente da República.
Hoje é crente da Igreja Evangélica El-Shaddai.
Fernando Collor de Mello
Presidente do Brasil que, por equívoco, acreditou que fora eleito pela força do voto popular e não pela força da mídia e dos poderes que se escondem por detrás dela. Tentou uma incipiente rebeldia contra estes poderes que então o defenestraram rapidamente através de um mini-golpe de estado disfarçado de processo de impeachment.
Foi absolvido de todas as acusações que lhe foram feitas no falso processo de impeachment. Andou por aí enquanto prescrevia a perda de seus direitos eleitorais e voltou a ser eleito senador da República, em 2006. Atualmente, compartilha a sua insignificância com a de José Genoíno no purgatório do "baixo clero" do Congresso Nacional.
Abraços
Mario Drumond
Revisão: Frederico de Oliveira (para quem curte textos bons e bem escritos, recomendo o blog de Frederico – O Apito - no endereço http://www.thetweet.blogspot.com)
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