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Gazeta em forma de e-meio 29 - extra (2/4/2008)

Primeiro Encontro Latinoamericano contra o Terrorismo Midiático (1)

Declaração de Caracas

Jornalistas, comunicadores e estudiosos da comunicação da América Latina, Caribe e Canadá, reunidos em Caracas neste Primeiro Encontro Latino-americano contra o Terrorismo Midiático, denunciamos o uso da falsificação pelas transnacionais informativas como agressão massiva e permanente contra os povos e governos que lutam pela paz, a justiça e a inclusão social.

O terrorismo midiático é a primeira expressão e condição necessária do terrorismo militar e econômico que o Norte industrializado emprega para impor à Humanidade sua hegemonia imperial e seu domínio neocolonial. Como tal, é inimigo da liberdade, da democracia e da sociedade aberta e deve ser considerado como a peste da cultura contemporânea.

Em nível regional, o terrorismo midiático - utilizado como arma política no derrocamento de governos democráticos de países como Guatemala, Argentina, Chile, Brasil, Panamá, Granada, Haití, Peru, Bolívia, República Dominicana, Equador, Uruguai e Venezuela – está sendo empregado hoje para sabotar qualquer acordo humanitário ou saída política para o conflito colombiano e para regionalizar a guerra na zona andina.

A atual luta democrática no Equador, Bolívia e Nicarágua, junto a Brasil, Argentina, Uruguai e México, confirma a vontade política de nossas sociedades para desbaratar a agressiva e simultânea campanha de difamação das transnacionais informativas e da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Cuba e Venezuela representam com clareza os marcos mais vigorosos desta batalha ainda inconclusa. Por outra parte, estamos obrigados a redobrar nossos esforços ante a dramática situação por que passa atualmente o jornalismo democrático no Peru, na Colômbia e em outras nações.

Este Encontro Latino-americano mostrou a necessidade de criar a Plataforma Internacional contra o Terrorismo Midiático, que convoca para novo encontro a realizar-se num prazo máximo de dois meses, para o qual atuará em conjunto com outras organizações como a Federação Latinoamericana de Periodistas (FELAP), que, no crescimento da consciência dos povos latino-americanos e caribenhos, tem defendido exemplarmente o direito à verdade e à divisa que sustenta seus princípios: “Por um jornalismo livre em pátrias livres”.

Empenhada em criminalizar todas as modalidades de luta e resistência popular, sob o pretexto de uma falaz noção de “segurança”, a administração fundamentalista de George W. Bush tem sido responsável pela sistemática agressão dos últimos anos contra os meios de comunicação alternativos, populares, comunitários e, inclusive, alguns empresariais.

A informação não é uma mercadoria. Tal como a saúde e a educação, a informação é um direito fundamental dos povos e deve ser objeto de políticas públicas permanentes. Convencidos de que esta história começou há cerca de 200 anos, ratificamos o compromisso dos que nela nos precederam, com o propósito de ajustarmos um exercício ético de nossa profissão, apegados aos valores da democracia real e efetiva e à verdade que merece a diversidade de pensamentos, crenças e culturas.

Não só a SIP, mas também grupos de choque como Repórteres sem Fronteiras, respondem aos ditados de Washington na falsificação da realidade e na difamação globalizada. Neste contexto, a União Européia cumpre um papel vergonhoso, que contradiz a heróica luta de seus povos contra o nazifascismo.

Na concretização da unidade dos povos latinoamericanos e caribenhos, os firmantes desta declaração chamamos os professores e estudantes de comunicação social a considerar o Terrorismo Midiático como um dos problemas centrais da Humanidade e convocamos os jornalistas livres a comprometer-se a redobrar esforços em favor da paz, do desenvolvimento integral e da justiça social.

Neste espírito, exortamos os chefes de Estado da América Latina e Caribe a incluir o tema do Terrorismo Midiático em todas as reuniões e foros internacionais.

Caracas, 30 de março de 2008.

(signatários – todos os participantes)


(1) – Encontro realizado de 27 a 30 de março com a participação de jornalistas, intelectuais e comunicadores de 11 países latinoamericanos, caribenhos e do Canadá, e que conquistou um enorme sucesso de público, além de um forte impacto internacional. O Brasil compareceu com apenas um jornalista: Beto Almeida.


Tradução do espanhol: Mario Drumond

Revisão: Frederico de Oliveira

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