Coleção completa por Volume (anual)

Gazeta em forma de e-meio 52 (29/7/2008)

“Comunidade internacional”: essa expressão não descreve qualquer coisa que tenha existência real. Usá-la é sintoma de estar enganando com um discurso a serviço do Império ou de estar sendo enganado por ele. (Adriano Benayon)


Confidencial Report

José Sette está em fase final de seu novo longa: Amaxon. É um prolongamento cinematográfico de seu livro (ainda inédito) Trilogia da Separação – Histórias de Cinema Vol. 1. É grande a expectativa do lançamento das duas obras - que o autor pretende realizar simultaneamente até o fim deste ano.

Beto Almeida, com toda razão, se queixando da mídia: o governador do Paraná, Roberto Requião, está plantando 80.000.000 (oitenta milhões) de árvores em seu estado, e a mídia finge de morta. Enquanto isto, ela badala o governador de Minas, Aécio Neves, que faz noitadas gloriosas nos fins-de-semana cariocas e não está nem aí para o estado de coma do nosso “Velho Chico”, o Rio São Francisco, também conhecido como o Rio da Integração Nacional. Essa gente não faz jornalismo, Beto, o que eles fazem é propaganda. E pré-paga, como disse bem você.

Fábio de Carvalho convidou-nos para o lançamento de um novo curta, Casa do Polanah, que ocorreu dia 24 passado. Deve ser a casa do Ruy Polanah, claro, e a Gazeta ficou curiosíssima. Mas não pôde comparecer para dar mais um furo de reportagem, porque o gazeteiro já estava comprometido, para o mesmo dia e hora, com uma boa e frutífera reunião política no Comitê de Yé Borges, que sai candidato a vereador pelo PDT. Chegou-nos agora o convite para uma exposição de fotogramas de Fábio, “1 segundo de perto”, no Belas Artes, dia 31. Estaremos lá.

José Guilherme de Castro, o incansável batalhador da comunicação comunitária, alternativa e de resistência, apresenta o Projeto Fala Brasil, uma série de programetes a serem veiculados pela Rádio Favela e TV Caracol, ambos veículos comunitários do Aglomerado da Serra, em BH. O projeto envolve boa parte das melhores cabeças pensantes da cidade, e, numa das séries, intitulada Gazeteiros e Gazeteiras, segundo ele inspirada nesta modesta Gazeta, nos honrou com o convite para participarmos através da contribuição deste gazeteiro. Estaremos lá... mandando o pau!

A cineasta Patrícia Moran agitando o site DocFera no Brasil (http://www.docfera.com/), uma nova concepção de distribuição de documentários via Internet, de âmbito internacional, que pareceu a este gazeteiro ser coisa muito bem bolada e muito bem estruturada. Duas de nossas produções cinematográficas já estão autorizadas para o site: Um Sorriso por Favor – O Mundo Gráfico de Goeldi e Camargo Guarnieiri – Encantamento.

Adriano Benayon permanece firme na trincheira nacionalista da questão Raposa Serra do Sol – uma verdadeira e certeira metralhadora de informações cruzadas pela Internet. Do outro lado, igualmente nacionalista mas com outra postura estratégica, o fogo diminuiu mas não parou. A posição da Gazeta se mantém, intransigente: contra qualquer tentativa separatista e imperialista e a favor do índio e da cultura indígena. Mas, enquanto não se fizer um trabalho sério de reportagem in loco e com a colaboração decisiva da comunidade indígena da região, esta questão fica pendente de muitas incógnitas, várias delas, com certeza, sequer visíveis. E a gente fica, como sempre, que nem cego no meio do tiroteio.

Rodrigo Leste já está preparando seu novo espetáculo de teatro portátil do ano que vem. Ainda guarda segredo. O Segredo do Bruxo! A Gazeta suspeita que será algo baseado em seu poema Infernizando o Paraíso, que permanece inédito, apesar de já estar dado como pronto e acabado.

A censura na imprensa parece que foi liberada de vez, e os poderes da República podem fazer o que quiserem, principalmente contra o jornalismo sério e independente. É o caso do jornalista, compositor e músico Frederico de Oliveira, o Fredera, também nosso mestre e revisor da Gazeta, que foi barbaramente censurado por via judicial porque denunciou os abusos de um juiz de direito em Alfenas, MG. Tentamos por todos os meios sensibilizar a imprensa mineira e nacional mas é tal a covardia dos “rapazes da imprensa” que somente um site (por sinal, um bom site: www.portalimprensa.com.br), através da repórter Marina Dias (marinadias@portalimprensa.com.br), teve a dignidade e o compromisso ético-profissional de propagar e contestar o abuso.

Conversa de gerações: o jovem músico e compositor João Antunes tocando com Elza Soares e uma banda formada por músicos de várias idades, no Festival de Inverno de Itabira. Não deu para a Gazeta ir mas meu filho, Ivan, esteve lá e reportou-nos o entusiasmo da jovem platéia com a voz de Elza e o som da banda. Deve ter sido, além de um belo espetáculo, um comovente acontecimento artístico e histórico.

Andam sumidos, na moita, mas, com certeza, aprontando alguma: Sérgio Santeiro (uma das mais bem municiadas metralhadoras on-line), Guilherme Vaz (parceiro de altas conversas nas madrugadas internéticas), Gilberto Felisberto Vasconcellos (onde estás que não te ouço, Gilberto!), Vera Terra (a intérprete de John Cage no Brasil – urge que surja o seu tão aguardado CD), Beto Vianna (nosso parceiro no site “em construção” Café Novo Mundo), Emiliano de Barros (seu belo livro de poemas permanecerá inédito?), Hélio Zolini e Soraya de Borba (estão ajeitando um novo mocó de produção teatral aqui na Serra), Ronaldo Brandão (cada dia o “escritório” muda de lugar), Luiz Otávio Brandão (o que a senhora anda aprontando, dona Brandona!) e Kimura Schetino (in love – andou mandando uns poemas – e parece que arrumou um trampo de ator numa campanha de prefeitura lá pelas Bahias de Todos os Santos).

Uma coisa este gazeteiro não perderá na próxima viagem ao Rio: o Sol na Boca, evento de poesia organizado pela poeta Mano Melo. Os convites que chegam dão água na boca.

Convocados por Mestre João Angoleiro, a bailarina Izabel Costa e a Gazeta compareceram ao ato de repúdio contra o iminente despejo do barracão da Escola de Samba Cidade Jardim, a mais tradicional e vitoriosa escola de samba de BH, com 18 carnavais emplacados nos seus mais de 47 anos de existência, 30 dos quais com sede naquele mesmo barracão. O evento foi apoiado pelo candidato a vereador Yé Borges, que tem experiência contra tais abusos, demonstrada na vitória que conquistou para o seu bairro, Santa Tereza, com a preservação do Mercadinho Distrital, que a atual prefeitura pretendia transformar em quartel de polícia. Agora, a prefeitura quer chutar a Cidade Jardim e fazer ali uma escola infantil – é o que dizem. Isso tem cheiro de jogada imobiliária. O despejo de áreas comunitárias, que antes não tinham valor “de mercado” e agora, com o crescimento da cidade, despertam a cobiça dos empresários do setor, é sempre “justificado” por uma proposta de fachada e de apelo social. Depois de despejada a comunidade, aí mudam o projeto e permitem a construção de mais um espigão ou um “caixote de bacalhau” para sujar e infernizar a paisagem e a vida do bairro. Dinheiro é o que não falta para promover essas barbaridades, principalmente em época de campanha.

Quando Sérgio Miranda pintar nas propagandas de campanha e o povo tiver acesso ao seu discurso límpido e claro – cristalino – como foi o da sua entrevista na Rádio Favela, semana passada, será a alvorada de um novo e verdadeiro belo horizonte.


Abraços

Mario Drumond

PS – Repararam quantos inéditos, só nesta Gazeta? E tanta bobajada bem patrocinada pipocando por aí, para todo lado, vazando pelo ladrão (literalmente)!


Revisão: Frederico de Oliveira (para quem curte textos bons e bem escritos, recomendo o blog de Frederico – O Apito - no endereço http://www.thetweet.blogspot.com/)

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