Coleção completa por Volume (anual)

Gazeta em forma de e-meio 5 (27/9/2007)

Decidi atualizar o nome da nossa “Gazeta em forma de carta”. Deixo a forma de carta no velho e saudoso papel e passo a denominá-la com a forma que realmente tem, que é, na grafia ciberespaciana, a do e-meio (meio eletrônico). Conto com a compreensão do leitor.


Hospitalidade Imperial

Mahmud Ahmadinejad, presidente do Irã, foi o conferencista convidado da Universidade de Columbia, Nova York, segunda-feira passada. O evento teve transmissão mundial por TV. Vi pela CNN. O “Magnífico Reitor” daquela Universidade, Mister Lee Bollinger, um desses iupis que ficam o dia inteiro diante do espelho e que se acham ótimos humoristas mas não fazem rir a ninguém, fez longa apresentação do convidado (durou mais do que o tempo dado ao convidado) que podemos resumir nos seguintes termos (literais):

- Trata-se de um ditadorzinho de um país atrasadíssimo que patrocina o terrorismo, não respeita os direitos humanos e que não tem capacidade intelectual para estar aqui, portanto, seja lá o que ele disser, não vai nos interessar em nada.

A estupidez era ensaiada e tinha até uma pequena claque para aplaudir. Mas, a platéia era enorme e vazou aos telespectares grande constrangimento e perplexidade diante de tamanha grosseria. Ao ocupar a tribuna, Ahmadinejad começou assim:

- Vim aqui como convidado, tenho coisas importantes a dizer e não posso ocupar-me dessa “acolhida”, que foi um insulto a este auditório. Sei de muitas diferenças que existem entre nossos países, mas esta aprendi agora: em meu país quando convidamos alguém a nossa casa, nós o tratamos com gentileza e respeito.

Em seguida, o líder iraniano proferiu uma conferência antológica, digna dos grandes estadistas da História, que arrancou aplausos sucessivos e entusiasmados de uma platéia, além de surpresa, embevecida. A CNN tirou o som dos aplausos finais (de pé) e cortou no meio dos demorados e respeitosos agradecimentos do conferencista. A “grande mídia” deu que “Ahmadinejad foi mal recebido na Universidade de Colúmbia”. Meia verdade seja dita: foi mesmo. Mas o iupi sumiu.


Os Mares Guia de Minas

Foi nos idos de 1980-82, quando José Sette e eu nos empenhávamos numa grande realização cinematográfica (Liberdade Ainda Que Tardia), que registramos em vídeos pioneiros, entre outros azares da política mineira, o nascimento do PT em Minas Gerais. Pontificava na direção do recém fundado Partido dos Trabalhadores o jovem radical de esquerda João Batista dos Mares Guia, então ovelha negra da alta burguesia e do coronelato montanhês, do qual gravamos um contundente discurso contra a candidatura de Tancredo Neves ao governo do estado.

Naquela época, o irmão de João, Walfrido dos Mares Guia, a ovelha mais alva da família, era o coronel-sumo-pontífice da direita raivosa e provinciana, como dizia Brizola, um queridinho (“filhote”) da ditadura militar, e a quem estava sendo entregue o processo de privatização da educação pública no Brasil, entre outras mutretas empresariais de desenvolvimento sustentável nos cofres públicos.

Eis que o tempo passa e João vira tucano!? E tucano-do-bico-amarelo, quem diria!? Depois desapareceu. Terá João Batista encontrado sua Salomé? Se isto aconteceu, espero que o final da história seja diferente.

Já o irmão Walfrido prosseguiu na carreira de oportunista vitorioso e é hoje o articulador político mor do governo petista. Em matéria intitulada “Planalto monta operação para salvar Mares Guia”, a Tribuna de ontem informa que “o presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou ontem de Nova York para o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, e pediu a ele que mantivesse a tranqüilidade. ‘Toca pra frente e faça o seu trabalho’, recomendou Lula”. Que “trabalho” será?

Enquanto na Venezuela Hugo Chavez radicaliza em direção ao “Socialismo do Século 21” ou “Socialismo no Século 21” - já se leva até essa polêmica por lá -, no Brasil Lula dá força e nos impulsiona ao “Coronelismo do Século XIX no Século 21”, sem qualquer polêmica.


Holocausto da inteligência

Uma pomposa Resolução da ONU determina a proibição definitiva de se questionar a existência do “Holocausto dos Judeus” na Segunda Guerra. O leitor pode questionar a existência de Homero, de Shakespeare e mesmo a de Cristo. Até a da beleza de Cleópotra, pode. A Lei de Newton também pode ser questionada, assim como as equações de Einstein, a quadratura do círculo, a forma esférica da Terra, a chegada do homem na Lua, enfim, tudo o que é história, invenção e conhecimento humano ainda pode ser questionado, só o “Holocausto” não pode. Dizem que a ONU prepara outra resolução proibindo questionar a autoria de Bin Laden no atentado às Torres Gêmeas de Nova York, mas fique sabendo o leitor que, por agora, só o “Holocausto” não pode. Entendeu, leitor? Não pode, não pode e não pode. E ponto final!


Abraços

Mario Drumond