Coleção completa por Volume (anual)

Gazeta em forma de e-meio 16 (20/11/2007)

De Adriano Benayon, por ocasião de sua visita a BH para o lançamento da 2ª edição de seu livro Globalização versus Desenvolvimento:
“eu não acredito em teoria da conspiração, eu acredito na conspiração”.


Tá explicado

Informa Thierry Meyssan, editor chefe de RedVoltaire, uma das melhores páginas de opinião da internet, que “todos os dias se realiza uma conferência entre os presidentes de Inglaterra e EUA, onde se decide que informação será dada ao mundo. Dela participam unidades de intoxicação da informação em que tomam parte ministros da Defesa do Reino Unido, Israel, Canadá e Áustria. Procuram sempre plantar alguma informação de ‘importância’, falsa, em algum lugar aparentemente neutro. Em geral, fazem com que alguém conhecido a comente, porque assim ela parecerá mais real e dará mais peso ao que se diga a partir de uma ‘autoridade mundial’. A bola segue então ao Pentágono, onde as reuniões de cúpula contam com a presença de representantes da Reuters e CNN, que resolvem afinal como e quando a informação intoxicada será publicada na mídia hegemônica. Informações verdadeiras necessitam de análises detalhadas para serem intoxicadas, e para eles não importa se criam perturbações e caos, pois o objetivo é o de fazer o maior dano possível ao ‘inimigo’.”

Ao que parece, o primeiro “inimigo” é o leitor-espectador dos produtos da mídia hegemônica, coitado. Para nós, fica explicado o baixíssimo nível que esses produtos de empresas de comunicação apresentam no geral e no particular, apesar da grana que corre solta, em nome da “qualidade”. Com uma “cúpula” dessas, reunindo as cabeças mais estúpidas da boçalidade imperial no mais alto patamar da hierarquia de decisão de seus veículos de comunicação, pouco ou nada sobrará para os agentes lacaios das “bases”, que terão de assinar embaixo da informação intoxicada, coitados.


A work in progress

Rodrigo Leste leu para este gazeteiro a parte inicial já esboçada de um poema de fôlego que está escrevendo, cujo título é Infernizando o paraíso. O tema é raro em poesia; todavia, é também difícil e, à primeira vista, parece estéril à linguagem: a saga das minerações em Minas. Porém, a composição já nos demonstra que a linguagem poética não se submete a limites e é capaz de ser mais eficiente que qualquer outra quando se trata de dar vida à idéia e levá-la, pura e vibrante, diretamente à consciência do leitor (ou do ouvinte). Quando bem sucedida, como é o caso, a poesia é, sem dúvida, a mais poderosa linguagem de comunicação já desenvolvida pela Humanidade, em todos os tempos. Claro que isso depende, antes de tudo, do manejo da pena e do mergulho nas profundezas mais sensíveis da vivência e do conhecimento em que o autor se empenhou na sua elaboração.

NAS VASTIDÕES DAS GERAIS
O DIABO BRANCO É O CAL,
O DEMÔNIO NEGRO, O CARVÃO,
MARROM, O SÚCUBO DO MINÉRIO DE FERRO,
DOURADO, O DEMO AMARELO DO OURO.

Eis um detalhe da obra que nos foi liberado pelo autor, neste que eu considero o primeiro furo de reportagem da Gazeta. A veia poética de Rodrigo Leste nos é bem conhecida desde os anos 70, além do seu talento de escritor e ator de teatro, jornalista e investigador perspicaz. Para a construção deste poema, Rodrigo pôs a sua lupa na histórica Mina de Morro Velho, em Nova Lima, bem ao lado de Belo Horizonte, onde os ingleses ainda se mantêm senhores absolutos. A sua sensibilidade poética cutuca ali o nervo mais exposto do imperialismo, revelando os demônios que infernizam o nosso paraíso há cinco séculos. E põe a nu uma das mais cruéis verdades a que até hoje estamos submetidos: não há pior condição de um Estado moderno do que a de exportador de matérias-primas; ele subjuga seu povo à mais bárbara condição humana, que é a escravidão. Não foi à toa que outro poeta, Mao-Tsé-Tung, ao tomar o poder na China, em 1949, decretou a pena de morte para quem fosse apanhado exportando um cascalho sequer para fora do país sem o benefício do trabalho de um chinês. E a China escrava de então tornou-se a China poderosa de hoje.


Três Patetas III

Na impossibilidade de manter o “perfil” do elenco, o Pentágono teve de ser criativo e fazer algumas concessões. Não havendo mais ex-presidentes latino-americanos dispostos a aceitar o vexame, o jeito foi montar um elenco atípico com José Maria Aznar (ex-Espanha, conhecido na Venezuela como “aquele em que o substantivo se fez verbo”), Mario Vargas Llosa (ex-candidato a presidente do Peru e escritor predileto do neoliberalismo-fim-da-História) e o próprio atual presidente do Peru, Alan Garcia, que se valeu de uma mutreta bem sucedida nas últimas eleições para voltar ao poder, e deve mais esta ao Pentágono.

Dado o fracasso total das edições anteriores, não se espera muito do novo trio na missão inglória de denegrir a imagem de Hugo Chávez. Mas a verba estava liberada, os atores contavam com seus cachês, e a produção já reservara hotéis e passagens. O jeito foi tocar a coisa de qualquer maneira, que fazer? E lá vão os três, América Latina afora, repetir a ladainha de sempre para encher jornais que ninguém lê e programas de rádio e TV que ninguém leva a sério. Haja paciência para essa mídia hegemônica! Como disse o jornalista espanhol Pascual Serrano, no site Rebelión, “nem o Pravda dos tempos finais da era soviética deve ter sido tão monocórdico e soporífero”.


Um lance de dados

O compositor Guilherme Vaz me passou um e-meio em que anuncia um novo concerto (e, com certeza, um novo CD). A Gazeta aguarda, ansiosa, pelos detalhes. E oferece apoio e cobertura, dentro de suas modestíssimas possibilidades.


Plantando energia na terra

É o nome do novo livro de Gilberto Felisberto Vasconcellos, dedicado a Hugo Chávez. A obra está pronta, só aguardando o prefácio de Bautista Vidal. Frederico de Oliveira vai revisá-la, e este gazeteiro vai editorá-la. O original já está na mão, mas ainda é segredo. Em breve falaremos mais. Será outro grande furo da Gazeta. Aguardem.


Notável

O sumiço do cineasta José Sette. Deve estar aprontando alguma e vai guardar segredo até o retorno de seu Folhetim Elétrico, que é o pai, o guru e o maior concorrente da Gazeta. Para o momento, o Folhetim está de férias. Mas o seu autor não, com certeza.


Gazeta impressa

Nosso querido cineasta, artista plástico e melômano Elyseu Visconti Cavalleiro não tem computador, não quer ter, mas quer receber a Gazeta. A solução foi criar a Gazeta impressa, tirada em um único exemplar, só para ele. Ele merece. E a Gazeta será o veículo impresso de menor tiragem do mundo. Ela merece.



Abraços

Mario Drumond


Revisão: Frederico de Oliveira (para quem curte textos bons e bem escritos, recomendo o blog de Frederico – O Apito - no endereço http://www.thetweet.blogspot.com)