Confidencial José Sette
Depois de ingentes esforços e alguma pressão da Gazeta, o cineasta José Sette abriu o jogo e revelou o segredo que vinha guardando a sete chaves. José Sette estava fazendo arte. Pintando o sete, como diria mamãe. Acabou de pôr a palavra FIM, desta vez, não em um filme, mas em seu primeiro livro: Trilogia da Separação, primeiro volume de uma série que intitulou Histórias de Cinema. Como o Folhetim Elétrico está em férias por tempo indeterminado, a Gazeta, na qualidade de sua legítima suplente, assume mais esse grande furo do nosso jornalismo cultural. A obra, que em seus originais digitais foi devorada por este gazeteiro, de cabo a rabo, numa sentada, já está em fase de orçamento para edição.
Este livro vai revelar um raro ficcionista que, além de cultivar sua obra no terreno fértil de uma realidade atemporal e autobiográfica, como já o fazia em seus filmes, inverte a relação de contribuição de linguagem até então praticamente unívoca, da literatura para o cinema, e a torna biunívoca, na medida em que realiza neste livro uma contribuição irrefutável e inovadora, de linguagem, do cinema para a literatura. Não se trata de roteiro em forma literária, nem de literatura em forma de roteiro, coisa que já teve e tem demais por aí, de boa ou de má qualidade, e que, neste caso, não se aplica, mesmo que porventura esta possa ter sido, de início, a intenção ou a proposta do autor. Mas o que ele acabou realizando é algo inédito, pelo menos em nossa língua materna. Sette fez um mergulho profundo nos mais recôndidos e secretos lugares da sua alma de artista, onde se processam as chaves e as dúvidas de sua autoria cinematográfica, e as devolve como revelações inseridas no contexto de criações ficcionais de poderosíssima força literária.
É reivindicação antiga, de mais de vinte anos, deste gazeteiro, a estréia de José Sette como escritor. Este livro comprova que o gazeteiro estava certo. Mesmo assim, tem de confessar que foi muito bem surpreendido.
Infernizando o Paraíso
Foi um sucesso a segunda leitura que Rodrigo Leste fez a este gazeteiro do seu poema em construção Infernizando o Paraíso, agora já em fase de retoques e acabamentos para dar à edição. Desta vez, a leitura rolou na maior cerimônia, a seco, sem cervejas e lero-leros. Foi como uma sessão de trabalho. Além das revelações da obra, fruto de pesquisas dedicadas, inclusive de campo, Rodrigo, que é também ator e diretor de teatro, mostrou-se excelente declamador de seus próprios poemas, coisa que nem sempre dá muito certo.
Eis porque este gazeteiro propôs que a edição impressa da obra fosse acompanhada de um CD com a gravação do poema declamado pelo autor, idéia imediatamente aprovada.
O poeta penetrou fundo nas entranhas das minas gerais com revelações poéticas extraídas de depoimentos que tomou pessoalmente, em pesquisas de campo e em sindicatos, a vários operários que trabalharam nelas. Alguns trazem até cicatrizes de feridas profundas que foram deixadas pelas afiadas garras imperialistas em suas peles curtidas de caboclos. Por agora não vamos mais longe para evitar que, sem querer, possamos quebrar a magia dessa nova criação poética, ainda inédita.
A Gazeta espera que a edição esteja circulando o mais breve possível e já prepara a sua resenha, que será publicada tão logo seja lançado o livro com o CD.
Documentário documento
O cineasta Fábio Carvalho e a produtora Isabel Lacerda (UFA Audiovisual) exibiram na Sala Humberto Mauro, em BH, o novo filme de Fábio Isto é meu e morrerá comigo. A Gazeta estava lá, claro, em mais um furo de reportagem. Na linha do melhor cinema documentário, do cinema verdade, onde Fábio se alinha como ex-discípulo dedicado (agora já é mestre) de cineastas que vão de Vertov a José Sette, sem narrações informativas, explicativas, encomiásticas (todas inúteis em cinema) e sem intermediações entre o espectador e o tema documentado, fazendo-se o cineasta, por seu talento e domínio da linguagem cinematográfica, o elemento catalizador e aproximador deste com o espectador, o filme quase que nos ressuscita a figura imprescindível do nosso querido professor João Etienne Filho, a partir de uma entrevista que o cineasta realizou com ele em 1989.
Foi uma emoção inesperada para este gazeteiro, que teve o privilégio de ser aluno de Etienne por quatro anos seguidos no Colégio Estadual, na disciplina de História, e que desfrutou da amizade daquele Barthes mineiro até um ano antes que falecesse, quando, no último encontro, estiveram no mesmo hotel do Festival de Inverno de Congonhas de 1996, e jogaram muita conversa fiada fora. Conversa fiada? Etienne tinha uma gana feroz por tudo o que era vida e era dotado de uma memória invejável que associava-se muito bem, pelo menos na modesta opinião deste gazeteiro, com a sua maior virtude de verdadeiro filósofo – a do didata inato. Conversar com Etienne era como tomar uma aula magistral, qualquer que fosse o assunto. Por isso, o filme de Fábio Carvalho poderia até se chamar Aula, pois é um documento precioso dessa mesma virtude, justamente no assunto que mais agradava e apaixonava ao mestre Etienne (Fábio acertou na mosca): o Teatro.
Mas esta Gazeta tem obrigação crítica com tudo o que lhe interessa e que considera importante, por isso faz um só reparo ao filme, sem depreciá-lo ou diminui-lo, jamais. A participação do ator Ronaldo Brandão seria perfeita se ficasse restrita à leitura do poema de Etienne. Apesar de muito boas, as demais cenas tomadas com Ronaldo pertencem a outro filme que Fábio haverá de realizar e são desnecessárias neste, pelo que o cineasta as queima sem nenhuma razão, além de reduzir, senão perder completamente, toda a magia dramática da belíssima e muito feliz interpretação do poema. Como foi uma pré-estréia, e o leite ainda não foi derramado, este comentário talvez ainda possa ser útil ao cineasta para uma reavaliação da montagem; do contrário, nem seria feito.
Cometa Bolivariano
Este gazeteiro anuncia que teve a honra de ser convidado pelo editor Beto Vianna a colaborar no tradicional e combativo jornal de resistência Cometa Itabirano, que já completou 28 anos de circulação ininterrupta, façanha ímpar e talvez única na imprensa de resistência no Brasil.
Uma página daquele mensário será ocupada por este gazeteiro a partir da edição de janeiro de 2008 para escrever sobre o que lhe aprouver. Desde já, escolheu, por tema inicial e principal, a Revolução Bolivariana da Venezuela. O leitor da Gazeta, claro, não se surpreende com a escolha do tema.
No mesmo dia, foi convidada também a bailarina Izabel Costa, que desde a sua fulgurante estréia nos grandes palcos do mundo como Maria, do espetáculo Maria Maria, vem contribuindo com uma seqüência de obras de fundamental importância para a dança moderna e contemporânea brasileira (Dã Dá, Sete Danças para Villa-Lobos, Imagel, Roteiro das Minas, Paisagens Imaginárias, Brasileirinhas, entre muitas outras) dando, assim, substância e grandeza ao nosso mal tratado acervo de realizações na linguagem da Dança. Ela escreverá notícias, críticas e resenhas que, com certeza, vão muito bem informar e atualizar os leitores do Cometa Itabirano sobre a realidade e a verdade da Dança no Brasil.
Jornalismo de primeira tem de ser por aí, as pessoas certas ocupando os espaços certos.
Requião na mira
O jornalista Beto Almeida envia e-meio pedindo para espalhar o seguinte:
“(...) o Ministério Público está movendo um ação contra a TVE-PR e o governador Requião porque no programa Escola de Governo, do qual participam personalidades da maior importância e são discutidos temas plurais e diversificados. São também proferidas críticas à grande imprensa e denúncias contra alguns de seus patrocinadores, os grandes bancos, a Monsanto, as multinacionais etc. Escola de Governo, presta contas à população, discute projetos em andamento, denuncia descalabros e promove o debate de temas candentes da realidade nacional tal como transgênicos, ferrovias, infra-estrutura portuária, ecologia, privilégio dos bancos, reforma agrária, agricultura familiar, desnacionalização da economia, integração latino-americana e tantos outros. Pelo Escola de Governo já passaram personalidades nacionais como Márcio Pochmann, Carlos Lessa, Emir Sader, Dom Mauro Morelli, Dom Tomás Balduíno, Dom Pedro Casaldaliga, Brigadeiro Ferola, Marina Silva, Temporão, Bautista Vidal, Adriano Benayon, Leonardo Boff, Chico de Oliveira, Plínio de Arruda Sampaio, entre outros, inclusive muitas pessoas ligadas à sociedade paranaense onde têm oportunidade para expor suas idéias, seus projetos, além de obterem do governo estadual um posicionamento a respeito. (...) O Ministério Público, também foi alvo de denúncias em razão de salários exorbitantes e de sua omissão diante de questões relevantes para o povo do Paraná. Claro, nenhuma surpresa, já que cumprindo suas funções constitucionais uma televisão pública deve refletir o debate existente na sociedade, ausente na tv privada, dada a submissão de sua linha editorial ao interesse dos anunciantes. A surpresa é exatamente a posição do Ministério Público: pediu censura!!! Ao invés de zelar pelo cumprimento da Constituição que proíbe a censura e considera que a comunicação social deva servir de fonte educativa, informativa e cultural ao povo, inclusive prestando contas dos atos de governo, o MP quer proíbir o governador Requião e a TVE-PR de veicular críticas à mídia privada, a mesma que tanto critica e persegue os que se insurgem contra os privilégios do setor financeiro e dos que sustentam os princípios do neoliberalismo, sob a omissão complascente, senão anuente, do próprio MP. (...) Quer o Ministério Público que Requião seja multado em 100 mil reais pelas críticas que tem feito, e em 500 mil no caso de reincidência.”
Que vexame! Diante disso, a Gazeta pergunta: qual foi a atitude do MP em relação àquela reportagem da Globo que instigava a polícia a metralhar favelados, de helicóptero? Ou, a sigla MP deve agora ser entendida como mais um “Ministério das Privadas”?
Abraços
Mario Drumond
Revisão: Frederico de Oliveira (para quem curte textos bons e bem escritos, recomendo o blog de Frederico – O Apito - no endereço http://www.thetweet.blogspot.com)
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