Fábricas de Nadas
A cada vez mais mal utilizada palavra “cultura”, que por sua etimologia substantiva o verbo “cultivar”, sintetiza em sua acepção mais importante uma sequência de três ações humanas de grande nobreza: semear, cuidar, colher. Seus frutos são resultados da dedicação e saber dos que cultivam, não importa se nos campos da terra, do conhecimento ou da sensibilidade (espírito) e revelam-se como obras de criação construídas na relação dialética entre o indivíduo e a coletividade que simultaneamente cultivam e são cultivados no propósito comum e orgânico de obter alimento para o corpo, o pensamento e o espírito. A ação cultural é sempre dos indivíduos a serviço dos propósitos existenciais da coletividade, no sentido de consagrá-la, elevá-la, e traz, em si, o trabalho e a essência criativa de cada indivíduo, manifestando-se plural e diversamente na direção do bem comum.
Outra palavra constantemente mal utilizada, “produto”, em sua acepção de coisa fabricada (para ser vendida) nem sempre guarda nobreza em seu significado e não raro propõe uma relação anti-dialética entre o indivíduo e a coletividade, onde esta acaba por existir e operar em função dos propósitos de um só indivíduo: o dono da fábrica.
Assim, chega a doer nos ouvidos a expressão “produto cultural”, muito em voga no tecnocratês das leis de “incentivo cultural”, que mais nos remetem à idéia de uma lata de feijoada ou de enlatados de TV. Em verdade, a expressão revela a confusão geral que foi estabelecida por legisladores que nada entendem de “produto” e menos ainda de “cultura”.
E o resultado está aí, para quem quiser ver: uma infinidade de títulos pomposos e insignificantes dispersos em caótica fragmentação do interesse coletivo, quando não no completo desprezo por ele. Virtuais e impalpáveis “produtos” de lobbies de birôs de burocratas junto a burocratas de empresas públicas e privadas. Muito trabalho que se perde entre o nada e a coisa nenhuma, no meio do que se esvai grana grossa e pública por um buraco negro e insondável. E a “fundo perdido”, literalmente.
A bolha e os bolhas
De um dossier do serviço secreto português esquecido em um taxi de Nova York, extraiu-se o seguinte diálogo gravado recentemente na Casa Branca (já traduzido do inglês pelos agentes portugueses, que ressalvam ter Lula melhor domínio dessa língua do que da própria língua pátria, “o que, no Brasil, se considera segredo de estado”):
Bush: Estás a ver, Lula, como é difícil governar hoje em dia. Passei quase uma semana com meus assessores de economia para que me explicassem a crise da bolha e continuo sem conseguir enxergá-la...
Lula: Posso garantir que aqui em Washington ela não está. Olhei atentamente da janela do avião e continuei a observar no trajeto do aeroporto até aqui. Não vi bolha nenhuma.
Bush: Nem eu. Ontem, achei que vira uma, bem daqui da janela do Escritório Oval. Até chamei o Paulson e o Bernankes, mas eles me disseram que era só um arco-íris. Eu nunca havia prestado atenção num arco-íris e ainda estou a crer, pelo que eles me informaram dessa bolha, que deve ser coisa bem parecida.
O agente português (de formação marxista) responsável pelas conclusões do dossier afirma que a bolha imobiliária “apesar de imóvel dever ser de alta periculosidade, por ser invísivel e, portanto, não há como se saber onde está nem que tamanho tem". Dramático, conclui o agente que "um fantasma ronda o capitalismo global: a bolha assassina”.
Chávez e o Senado brasileiro
Quanto mais tentam se defender ou se justificar, mais se atrapalham os nossos nobres senadores da res publica. A verdade é que “Chávez os tienen locos”.
Abraços
Mario Drumond
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