Coleção completa por Volume (anual)

Gazeta em forma de e-meio 10 (19/10/2007)

Os três patetas

Desorientados, depois de sucessivas e humilhantes derrotas de vários atuais presidentes de repúblicas latinoamericanas do seu elenco, no insistente combate a Hugo Chávez para derrocá-lo da inegável liderança continental, a nova solução dos roteiristas de Bush (péssimos, por sinal) foi colocar em cena o elenco reserva, isto é, os ex-presidentes que patrocinaram no passado. Nessa, digamos, primeira bateria, foram acionados Vicente Fox (ex-México), Jorge Quiroga (ex-Bolívia) e José Sarney (ex-Brasil).

Saíram os três mundo afora, com rotas e agendas diferentes mas bem sincronizadas durante a semana passada, a dar palestras e coletivas de imprensa sobre o perigo para o mundo e a democracia que significa o governo daquele cidadão venezuelano.

Manchete de capa e página 3 (1) inteira dos jornais impressos, além de destaques tele-jornalísticos e grandes espaços nos meios eletrônicos, foram previamente reservados nos veículos da mídia hegemônica dos diversos idiomas visitados, todos com quase o mesmo texto e só mudando a imagem de cada respectivo ex.. Juntadas as fotos dos três nas páginas publicadas, é inevitável que nos venham à lembrança os célebres “Três Patetas”, do velho cinema roliudiano. Só rindo...

Na rota de Quiroga, estava a própria Venezuela, onde, com toda a liberdade e espaço de mídia, desatou a ladainha, que começava sempre mais ou menos assim: - Hoje na América Latina está sendo construído um muro político de opressão e tirania... (e por aí vai). Chávez estava em Cuba, no dia, e perguntaram a ele por que não mandava prender o cara-de-pau. – Águia não caça mosca – respondeu rindo muito (dos três patetas).


Esperando Godot


A tropa de elite do cinema nacional insiste na fórmula de nos tornar uma sucursal (reconhecida) de roliúde. Os “grandes” filmes, os “clássicos” do imediatismo e da banalidade, são sucessos antes do lançamento. Os cineastas de sempre, às vezes alternados por cineastas estreantes, mas poderosos, ocupam os nossos próprios espaços de exibição que nos são gentilmente cedidos pelo cinemão de matrix. “Cinema de retomada”, dizem. Que nome esquisito! O assunto é sempre o mesmo, no contexto dos prediletos da mídia: violência, baixaria, podridão, corrupção e sexo psicótico. O Brasil é uma cloaca existencial só, de dar dó. Não vi nenhum e não gostei de nenhum. O “resto”, que é o cinema brasileiro todo, cultural, histórico e contemporâneo, só em Festivais, de Pindamonhagaba para o mundo. Mas, um dia sai o tal Oscar, nem que seja a fórceps.


Lula e a selva amazônica

Por: Nadezca Mujica, Venezuela. Data de publicação: 17/10/07
Aporrea.com
Tradução: Mario Drumond

Lula tem se revelado um camaleão perfeito. Se está em uma reunião de “países desenvolvidos”, ele baila e canta ao gosto de seus anfitriões; se está visitando um foro ou um evento “progressista”, recompõe o baile e a letra de sua canção à ocasião; se está em visita a algum país de nossa América do Sul, dependendo da inclinação política do governo que o recebe, de novo muda a letra e a dança de seu espetáculo; se vai à ONU, tira da manga sua versão para o cenário mundial, e assim vai, dependendo do público, do cenário, da cobertura midiática, do tema ou ocasião de sua viagem ou visita.

Para surpresa d@s que sonharam que com Lula “outro mundo era possível”, ao que parece o mundo possível de Lula é extremamente flutuante, adaptável e, sobretudo, FALSO E ENGANOSO; e eis que o Brasil e sua máscara diplomática, que finge não ter aspirações de domínio e uso da América do Sul para se converter em potência imperial, com tão bom ator a desempenhar nos diversos cenários mundiais, ainda convence a muitos do “progressista” que é o presidente Lula.

Porém, como não se pode enganar todo mundo o tempo todo, as costuras das inconsistências de Lula, que são costuras de um nada inconsistente, permanecendo nos objetivos muito precisos e definidos pela diplomacia do Itamaraty, diplomacia que estava ali antes de Lula e seguirá ali depois de Lula, tem começado a desafinar a canção e a tropeçar nos passos da dança, em especial sobre a CONSERVAÇÃO DA AMAZÔNIA.

Como se pode conservar a selva amazônica licitando suas florestas para “exploração sustentável”? Ou vendendo planeta afora a idéia dos agro-combustíveis? Ou permitindo o plantio indiscriminado de soja transgênica, ao mesmo tempo em que derrubam suas árvores e roubam a sua diversidade?

Heinz Dietrich escreve em seu artigo “Nobel da Paz pede expropriação da Amazônia” sobre o preço que pagará o Brasil, e toda a América do Sul, pelas veleidades com que são tratadas as questões da selva amazônica, porque em verdade nem os governos nem a maioria dos nossos povos temos entendido a importância VITAL dela, essa selva que nos dá água, oxigênio, que é como dizer VIDA. E, como de costume, os “desenvolvidos”, havendo destruído tudo o que a natureza lhes deu, já colocam suas garras e olhos ambiciosos no que sabem que será a ÚNICA FONTE DE VIDA E RIQUEZA DO FUTURO, a selva amazônica. E não nos enganemos, esse futuro está bem próximo.

1 – Valeria você rever a construção desse parágrafo: o sentido está fugidio, falta um eixo firme. Uma possibilidade seria dividir o bicho em mais grupos de orações separadas por ponto. Daria uma visão melhor. Se você quiser, mando uma proposta


Uni-duni-tê


Pesquisa da Folha para a eleição presidencial de 2010: José Serra (1º lugar), Geraldo Alkmin (2º), Aécio Neves (3º), Ciro Gomes (4º) e “outros”. Não fiquemos tristes. Lula prometeu retornar em 2014; FHC também. Salamê mingüê. FC de Mello, o sorvete collorê, está seriamente tentado pelo “mandato da vingança”, não sei se para 2010 ou 2014. Fique certo, e-leitor, que o escolhido não será por você.


Abraços

Mario Drumond